sábado, 20 de dezembro de 2008

Li


Li não tem grandes histórias
Senão as pacientemente criadas por ela
Na claridade ou na escuridão do quarto
De olhos fechados ou abertos
No banco alto do ônibus
Ou numa conversa com uma extensão dela

Li não chama atenção
Senão pelos seus olhos grandes
Senão pelo seu deboche
Senão pelo que não é

Ou pelo que é e não se apresentara a ela

Li é feliz sem saber
é triste como queria
Acho que Li acha beleza na tristeza
Li gosta de cinza
E de garotos marginais

Li gosta muito da beleza
Daquela que não está onde colocaram
Daquela foto amarela
Daquela jaqueta desbotada com o tênis vermelho
E sobretudo, Li gosta de olhos

Não os azuis, ou verdes, ou mel
mas os que são como dispersos, mas além
e gosta do cheiro das coisas
e não precisa ser de flores ou boticários
mas tudo que seja misturado
caixa de papelão, abraço, souza paiol,
importado, café, quarto fechado, poeira,
sabonete, madeira, filhotes de cachorro...

E Li gosta de músicas
Mas nada que dure tempo suficiente
Para ser colocado na lista de preferidos
Por isso gosta dos filmes, sua única lista.

Li é demasiadamente passageira
E odeia demasias,
Odeia clichês, mas sabe que funcionam.

Li mora numa bolha e sabe que é melhor morar lá.
Li sabe que o mundo é grande demais.
E tudo que é grande demais, a visão perde.
E Li adora o que seus olhos alcançam.
Por isso, Li adora sua bolha.
[Fernanda]

Um comentário:

Darla disse...

Fico feliz por me sentir tão ligada à Li. Por entneder cada palavra...cada entrelinha...
É bom ser a extensão de Li!
bjos