sábado, 30 de maio de 2009

la vie

lá estava ela. buscando sapatos vermelhos que combinassem com seu vestido preto rodado, de pregas, um pouco do que via dos joelhos, das pernas pequenas com saudades do sol. e, na frente do espelho, enquanto ria, num balançar de sino, feliz por vê-la por inteiro, alma inteira, fantasiou o cinema e o menino. ele chegou de garoto. ela esqueceu o bolero. ele trouxe o ombro dela por inteiro pra mais perto. era dele [dela]. três sorrisos no beijo, dois segredos confessáveis, pipoca e...comédia [?].

[Fernanda]

quarta-feira, 27 de maio de 2009

daqui, do mundo dos alados



É daqui que as luzes me parecem maiores, mais bonitas.
O céu convida a fazer-lhe riscos, a recortar suas nuvens
e a dançar no meio dele com outros alados.
Eu sou azul, mas aqui o céu não me camufla.
E também sou gente, com os pés no asfalto,
me misturando a tudo, sendo mundo,
o começo da minha essência resgatada.
[Aqui, sentada, na minha janela preferida, com os pés balançando no ar,
penso em você, meu pássaro, e como você combina com tudo,
inclusive o tom queimado de suas asas].


[Fernanda]

terça-feira, 12 de maio de 2009

em janelas de outros mundos

Da janela do ônibus, eu vi aquela mulher sentada no banco do ponto.
Olhos verde mar, cabelos castanhos claros, uma figura filme dos anos 80.
[Linda, a mulher].
Ela tinha os olhos longe e unha na boca. Era o gesto tão vago e eu, na janela, pensando onde estaria a mulher e quem a acordaria quando seu ônibus passasse.
A arrancada me tirou do mundo paralelo da mulher.
Talvez alguém me olhasse do lado de fora e pensasse o mesmo. [E eu, no mundo paralelo da mulher].
No final das contas, acho que somos bem menos misteriosos do que parecemos. Ouvi alguém dizer isso por esses dias, mas é bem chato não ter mistérios. E deve ser por isso que tanta gente é chata, inclusive eu.


[Fernanda]